domingo, 28 de junho de 2009

ela e o azul.

Ela acordou, olhou o relógio na parede, os ponteiros batiam doze horas. Na boca aquele gosto amargo das noites mal dormidas, no criado mudo cartas e dizeres confusos que não sabia da onde surgira. Levantou-se, tomou uma xícara de café e decidiu: Não quero mais o cinza, não quero mais a inquietação das palavras malditas. Pegou seu velho casaco vermelho, suas chaves e partiu em busca do desconhecido, do novo, o novo que tanto procurou pelo mundo. Foi então que conheceu o azul, não o azul de Picasso, mas sim aquele azul celeste, com nuances da cor de mel. Sua felicidade era tamanha pois nunca havia experimentado tal doçura, tal quietação... e ali resolveu ficar, sob a fina chuva de outono que pairava naquela quinta -feira cinzenta. Olhou- a nos olhos, entrelaçou lhe a mão e ficou ali falando com a lua, pedindo a ela que pintasse de azul todo seu coração, para que nunca mais batesse desritimado, para nunca mais sentir o gosto salgado saindo pelo seus olhos... E a Lua a ouviu, lhe deu todo o azul que havia no mundo, o azul que cantava, que voava, que encantava, o azul que ela jamais esperava. E assim continuou, deitada sobre seus ombros, quietinha, com as mãos ainda entrelaçadas a espera de que toda aquela tonalidade tomasse conta da sua vida, por completo, por inteiro...

Um comentário: